segunda-feira, 8 de junho de 2009

possas acreditar tu.

pode crer, pode crê, possas crer, ou podi-crê são variações de uma expressão amplamente difundida em todos os estados do brasil. do oiapoque ao chuí, essa gíria é usada para reforçar a veemência de uma afirmação e, porque não dizer, facilitar a comunicação . por exemplo, fulano fala: “velho, que frio do caralho”. beltrano confirma: “pode crê”. mais um exemplo: “não sei o que você acha mas, pra mim, aquele cabelo de roberto justus é laquê com brilhantina”. “pô, pode crer”. fácil, simples e objetivo, concorda? nem sempre. não sei se ando freqüentando lugares obscuros, se presto atenção demais ao meu redor ou se tudo isso só acontece comigo, mas dia desses descobri uma nova função para esse belo recurso lingüístico. aliás, função não é bem a palavra.

estava eu de bobeira na rua, esperando meu milho cozido no potinho, quando escuto dois caras que aparentemente acabaram de se conhecer. no meio de muito blá blá blá, de repente, a pérola: “e aí, você mora onde”? “eu moro em moema”. “pode crer”. fez-se um estranho silêncio e eu, do susto, quase engulo a colherzinha do milho. hein? fiquei de toca, tentando descobrir o que diabo o cidadão quis dizer com esse pode crer. não sei, não entendi, no compreendo. tudo bem que o cara já começou errando quando foi morar em moema, mas isso não é motivo pro amigo mandar um pode crer assim tão enigmático. porra. moro em moema é só uma informação, um dado, um endereço. não é uma opinião com a qual você concorda: moema é lindo. pode crer. é um fato: moema fica perto de congonhas. ponto final. depois disso cabe, no máximo, um ok ou até um “noooossa, puta barulhão lá mêu”, mas nunca um pode crer.

sei não, to confusa. agora não sei mais se eu é que sou muito chata ou se de fato existe uma barreira cultural que me impede de compreender outras formas de expressão. de qualquer jeito, acho que to precisando dar um pulinho em recife. meus neurônios tão cansados de tanta amônia.

*fonte, inspiração e argumento: fernando maymone.

5 comentários:

Joli a.k.a. Juliana disse...

podi-crêêêê, doido

Frederico Toscano disse...

Eita!
Comigo aconteceu igual...só que eu sou chato e geralmente quero encerrar logo a conversa...especialmente se o infeliz do interlocutor for um maldito desconhecido.
A diferença é aqui em Recife a gente geralmente fala "Porra, bote fé..."
O que, como todos sabemos muito bem, é uma frase que não significa merda nenhuma, mais neutra e sem graça que Sandy comendo bolo de goma na Suíça.

Neide Cavalcanti disse...

Lora,acho que acaba de ser lancado o PODE CRÊ do mal. Na Noruega eles usam ABSOLUT para tudo. Entao eu aprendi a diferenciar,de acordo com o contexto,um ABSOLUT do mal de um do bem. Deve ser mais ou menos isso...Agora vc pode complementar com um PODE CRÊ...
Do bem,claro.

Bjas.

Oa...Caderno de Vidro, o blog de Andre Laurentino eh muito massa.
Recebi o link meio enviesado via Tarrask e amei.

dorothéia disse...

porra, quero morar na noruega, bitchôu! pra tudo eles dão absolut?
ô glória! e é rim, é? é fiiiigo!

:*

bote fé que esses 'possas crer' são muito chato.

Anônimo disse...

Lôra Galega:

Li tudinho de uma vez, ao mesmo tempo, agora, em tempo real e gostaria de realizar um comentário que abrangesse toda a totalidade de posts.
Veji mesmo:
- Eu quero ir pro inferno, apois no céu não vou conhecer ninguém.
- A criatividade é interesseira. Ela só aparece se alguém pagar um salário pra ela.
-Você ainda fica um tempo com a sensação de recopensa de ter feito o xixi, como se tivesse corrido 1 km ou achado a cura da AIDS.
- Os paulistanos puros devem ter se mudado pro Acre.
- Enquanto isso, em Recife, vc pode chamar seu filho de João, Pedro, Mateus ou qualquer nome pouco arriscado mas invariavelmente vão chamar ele de Cara-de-areia-mijada, cabelo-feio da-porra ou simplesmente Buiú
- Possa crer...

Agora virei tua groupie!
Besitos.